terça-feira, 27 de setembro de 2011

tios de ♥



Cresci tendo como vizinhos da casa ao lado uns tios do meu pai. Desde que aprendi a falar, sempre os tratei por "titi" e "titio". Foi como me ensinaram e era como os sentia. Ambos partiram há uns anos e sinto sempre um vazio pequenino quando vou lá e vejo a casa fechada. Já não há sardinheiras floridas na varanda nem o tio a afiar pauzinhos com o canivete suíço, sentado no muro por baixo da velha oliveira. A velha oliveira também já não existe. Ainda assim, lembro-me frequentemente e com muito carinho do olhar paciente dela e das teimosias engraçadas dele (era mesmo Heleno!). Apercebo-me muitas vezes do quanto gostavam de nós por me lembrar de algum episódio na infância, das coisas que nos ensinavam e sempre que uso uma das muitas sacas de pão, lençóis ou outros tecidos bordados pela tia para mim. Na aldeia era vulgar as senhoras mais velhas zelarem por que tivéssemos um enxoval, era uma tradição querida mas que se foi perdendo. A minha "titi" bordava à máquina e era uma senhora mesmo muito talentosa. Era daquelas pessoas raras, em vias de extinção.

5 comentários:

R. disse...

Este texto fez-me lembrar os meus avós de baixo. E isso deixa-me sempre o coração apertadinho de saudades e os olhos com uma água que teima em cair...

Para o caso de não saberes quem foram, quem são, quem serão sempre, falo deles aqui: http://poraquipasseimesmoeu.blogspot.com/2009/03/avos-de-baixo.html

Beijinhos e obrigada, minha Raquel! Gosto di ti!

Gisela disse...

Subscrevo... Bj

ao sabor da cor disse...

Diz-me se estás a falar dos pais do Sérgio. se sim, também me lembro deles. faz alguma confusão pensar que já lá não estão. Eu gostava de olhar para uma janela pequenina que se via de minha casa, quando eles tinham a luz acesa. não se via nada mas eu gostava de imaginar muito. :) quanto ao enxoval...ai,ai...as sacas do pão, os panos de cozinha, as toalhas de turco, em vez de livros e chocolates ou jogos, nem sei o que te diga!

Raquel Úria disse...

Sim, eram eles. :)

Raquel Úria disse...

No fundo, acho que tivemos muita sorte: fomos das gerações que recebiam sacas do pão, panos de cozinha e toalhas de turco como presentes das avós e vizinhas e, por outro lado, recebíamos também livros e chocolates oferecidos pelas tias mais novas. :)

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